domingo, 29 de março de 2009

Konohana Sakuya Hime




























Envolta em nuvens, eis Konohana Sakuya Hime, divindade residente do Monte Fuji. Na mão direita, leva um espelho, símbolo xintoísta de pureza. A mão esquerda segura um galho de sakaki, árvore sagrada com poderes sobrenaturais. Sakuya Hime enfeita o cabelo com uma graciosa tiara em forma de borboleta. Seu imaculado vestido branco está representado no estilo característico de Hokusai, num drapejado delirante de traços marcados.
Já no nome, a deusa está vinculada com a natureza e, em especial, a fertilidade: Konohana Sakuya Hime significa “Princesa do Florescimento das Árvores”. No Kojiki — obra que narra a teogonia das divindades japonesas, escrita no século VIII —, ela faz sua aparição no capítulo XLI, parindo o filho num castelo consumido pelo fogo.
As areias do tempo passaram e, na era medieval (séculos XIV a XVI), Sakuya Hime passou a ser associada ao Fuji, por meio de tradições folclóricas não registradas nos autos.
Há muito que o Fuji era relacionado com personagens femininas. A Crônica do Monte Fuji (Fugaku ki, c. 877), por exemplo, narra a aparição fantástica de duas mulheres vestidas de branco próximo ao cume, e as Narrativas do cortador de bambu (Taketori monogatari, mesmo período) conclui com a heroína celestial retornando aos céus exatamente sobre o Fuji.
Kaguya Hime era mulher. Além disso, sobreviveu num castelo em chamas. Portanto, era a candidata ideal para habitar o vulcânico Fuji. Sua associação com a fertilidade provavelmente surgiu depois: os agricultores empregavam flores em seus rituais para pedir aos deuses que abençoassem as colheitas. Então, os fazendeiros do sopé do Fuji uniram o útil ao agradável e incluíram Sakuya Hime em suas preces, erigindo santuários em sua honra.
No período Edo, a divindade tornou-se uma das principais figuras do culto ao Monte Fuji, o Fujikô.

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